🛸 olá, internautas 🛸
a gente tava ficando muito intelectual por aqui, então na edição de hoje decidi expor os melhores tuítes que não fiz.
por que não fiz esses tuítes? porque não tenho mais tuíter. por que expor só os melhores? porque a edição ficaria gigantesca caso eu publicasse todos. mas da lista de 71 tuítes não feitos, compartilho com vocês os top 40, na ordem que escrevi.
o que vocês lerão no dia de hoje não é qualquer bobagem, mas um pedacinho da minha alma, uma tradução material de como meu cérebro funciona e, portanto, algo mais íntimo do que se vocês pegassem meu diário pra ler.
pra ser honesta, eu achava que não tinha nada que me faria sair do tuíter, porque eu genuinamente gostava daquela bagunça. gostava de ter um jeito de acompanhar as bobajadas que mis amigues pensavam no dia-a-dia, aquele era um jeito de tê-los no meu cotidiano. daí veio a decisão do tuíter de usar todos os dados do site pra alimentar uma ia – e foi meio que nesse momento que me dei conta de que esse era um limite pra mim; deletei minha conta na hora que vi a notícia.
quando você deleta seu tuíter, aparece um texto dizendo que eles vão guardar todas as suas informações por um mês caso você queira voltar, eles terminam dizendo: #AtéBreve. é um texto tão condescendente e tão babaquinha que ali eu tive certeza absoluta que nunca mais voltaria só de birra. ainda assim, aquela mensagem me deu uma vontade enorme de tuitar: o tuíter fã do chico césar dizendo adeus não me diga #AtéBreve. eu, obviamente, não tuitei isso.
eu, obviamente, não tuitei isso
sair do tuíter foi mais fácil do que eu esperava. apesar de ter me protegido bastante por lá, não acessar a rede me fez perceber o quanto que tudo aquilo me afetava. eu não acreditava quando outres ex tuiteires diziam, mas realmente comecei a me sentir mais feliz. gostar das coisas ficou mais leve quando eu não via gente criticando meu gosto. e não gostar das coisas passou a ser irrelevante quando parei de ver tanta gente falando sobre elas. os eventos deixaram de ser imperdíveis, as piadas não se esgotam em questão de minutos. em alguns meses, eu nem sentia falta do humor que eu tanto gostava de lá. as minhas piadas e as piadas das minhas amigas são mais divertidas.
sair do tuíter foi mais difícil do que eu esperava. a falta de convívio on-line afastou muita gente. senti que perdi muites amigues com com isso. parei de ser convidada para programas que antes seria convidada e passei a sentir falta de algumas pessoas que antes estavam sempre conversando comigo. foi um pouco como sair da escola e não conviver mais com sus antigues amigues. também percebi que tuiteires costumam assumir que não têm muito pra contar porque falam tudo no tuíter. é como se elus já tivessem usado a piada ou a história, então não tem por que contar pra outra pessoa. e talvez um dia eu também fale mais disso em algum canto, mas a real é que sair do tuíter me fez pensar muito em amizades e relações sociais.
senti muita falta de poder compartilhar meus pensamentos ou coisas pequenas da minha vida cotidiana com mis amigues. foi uma coisa que bateu quase que instantaneamente pra mim. mas essa foi até que fácil de resolver, eu só comecei a mandar mais mensagens pra mais amigas. às vezes a mesma mensagem pra amigas diferentes. às vezes compartilho a resposta engraçada de uma pra outra.
mas o que descobri também muito rápido é que não era só que sentia falta da partilha, eu também sentia falta do registro. um hábito que pode facilmente ser interpretado como narcisista que tenho faz um bom tempo é rever os meus próprios posts nas redes sociais. não tanto pra checar se é uma boa imagem que tô passando (por mais que, às vezes, isso seja sim um fator), mas principalmente pra lembrar de coisas que vivi, que vi, que pensei. eu gosto muito de lembrar das coisas e minha memória foi completamente destruída pelo uso contínuo de zolpidem e o trauma sócio-político dos últimos 8 anos. manter um diário funciona pra mim como uma ferramenta pra entender minhas próprias emoções, mas não é uma ~mídia que me permite o que o tuíter permitia. escrever não é tão rápido quanto digitar. hoje em dia, meu celular tá na minha mão com muito mais frequência que meus cadernos.
foi assim que comecei a usar as notas do meu celular pra uma longa lista de tuítes que não fiz. são registros, piadinhas, coisas completamente aleatórias ou não tão aleatórias assim que pensei e que me divertiram ou estiveram tempo o suficiente na minha cabeça pra eu querer registrar em algum canto. voltar a essas notas me faz lembrar das coisas que eu esqueceria. as conversas bobas, as cenas da rua, os dias de trabalho, as breves hiperfixações. é tudo banal. é o tecido da vida. e é um pouco poético e bonito, mas a real é que é principalmente muito bobo. e a bobagem é muito divertida.
então, hoje, vamos se divertir. eis aqui os melhores tuítes que não fiz.
os melhores tuítes que não fiz
1. O embarangamento masculino é uma questão de saúde pública
2. Nunca vai ser um lugar seguro enquanto houver feios ao redor
3. Bruno Mars é One Direction para mulheres de 40+
4. Briga de girafa é a versão quadrúpede de bate cabelo de drag
5. é eticamente ok fazer macumba pra uma amiga bonita terminar com o namorado feio?
6. Se Aristóteles não falou sobre a coisa, ela não existe
7. A história se repete, a primeira vez como fofoca, a segunda como palhaçada
8. O único erro do Walt Whitman foi ser estadunidense
9. A sinuca foi aderida à arte do flerte como substituta acessível do arco e flecha
10. Toda trilha sonora de dorama soa como Fábio Junior em coreano
11. born too irritada to be conformista/ too cansada to be revolucionária/ just in time to be acadêmica
12. As únicas pessoas que entendem o que busco num relacionamento são os roteiristas de House
13. Proposta de lei: só é permitido publicar poesia depois de passar pelo retorno de Saturno
14. Comer casade é ação direta contra a monogamia
15. Jesus Cristo tinha kink em pé
16. e se eu testar um método experimental de escrita da dissertação (usar cocaína)
17. mt preocupada que minhas amigas acharam que eu realmente usaria cocaína pra escrever a minha dissertação, mas um pouco honrada também
18. Camiseta de basquete é o abadá estadunidense
19. Um homem que não tem umbigo, um abigo
20. A Patti Smith é a Maria Bethânia dos gringos (pejorativo)
21. nunca houve um hippie com bom gosto
22. Se um livro estadunidense ou inglês não é considerado um clássico nos países do sul global, ele não é um clássico
23. A coisa mais sexy que um homem pode fazer é assassinar um ditador genocida
24. Petição para EXPULSAR o cara que manda um Mas Fogueira Também É Tecnologia quando todo mundo tá falando de computadores.
Expulsar de onde? Do planeta Terra
25. Se parassem de circular a ideia de que escrever qualquer coisa é melhor que não escrever, a gente não estaria com tanta coisa ruim publicada no mundo
26. Se a gente chamasse bullies de bullyingo, não teria mais bullying em escola nenhuma
27. É impossível amar um burro (fig.)
28. Existem apenas dois mommy issues possíveis: Mother - Pink Floyd e o filme Sexta-feira muito louca
29. Ah sim o reboot de gossip girl, whisper woman
30. eu disse pra minha mãe: a língua japonesa é o espanhol da ásia
ela me respondeu: e os teletubies são as fofoletes do espaço
31. som do pandeiro é o som de se estar apertada pra fazer xixi
32. Lindíssima a experiência de passar de faixa no hip hop, uma cerimônia que não existe
33. rip min yoongi he would've loved berimbau metalizado
34. Minha maior dificuldade em investor na minha carreira acadêmica é que não quero que uma foto mnha seja colocada num banner de divulgação feio
35. PORTFÓLIO é a palavra com a grafia mais aleatória da língua portuguesa. eu a odeio
36. aquela banda que não é nirvana, pearl jam
37. se eu sou quem sou hoje em dia é porque minha orientadora escolhe a grafia SMARTFONE
38. ao ler a menção a um filósofio chamado bifo, me dou conta de que BIFE é gênero neutro. carne é carne…
39. o barista é o verdadeiro vanguardista da arte psicodélica
40. é claro que é possível vencer deus. só colocar ele pra preencher burocracia da universidade pública
como diria chico césar,
adeus não
me dia #AtéBreve
![colagem! do lado esquerdo mais pro canto tem uma foto meio cursed de uma porta metade comida por um cachorro, que tá de pé se pendurando na grade pra não passar sorrindo com os olhos esbugalhados do flash da câmera. na parte maior da imagem é a foto de uma floresta bem enflorestada. no meio tem um print de comentários que vai assim: 1. what aesthetic is this? x; 2. walking outside; 3. Thank you! colagem! do lado esquerdo mais pro canto tem uma foto meio cursed de uma porta metade comida por um cachorro, que tá de pé se pendurando na grade pra não passar sorrindo com os olhos esbugalhados do flash da câmera. na parte maior da imagem é a foto de uma floresta bem enflorestada. no meio tem um print de comentários que vai assim: 1. what aesthetic is this? x; 2. walking outside; 3. Thank you!](https://substackcdn.com/image/fetch/w_1456,c_limit,f_auto,q_auto:good,fl_progressive:steep/https%3A%2F%2Fsubstack-post-media.s3.amazonaws.com%2Fpublic%2Fimages%2F1666276f-a832-4553-83b2-c3d463a5bed7_1439x808.png)
bjoks,
clara
Me diverti lendo a lista de tweets não publicados.
é por conta de tuítes assim que eu sinto falta de encontrar com vc online!!!!!