🛸 olá, internautas! 🛸
foi-se março.
continuo enfurnada na escrita da dissertação. inclusive, a edição desse mês foi uma versão cansada e sem compromisso acadêmico de parte do que trato no meu primeiro capítulo. nele, conto a história da formação da internet, que foi uma das coisas mais legais com que me deparei durante a minha pesquisa. na real, quanto mais a fundo vou nessa história, mais acredito que precisamos de uma radicalidade ideológica forte e profunda se queremos combater o capitalismo, ou impedir que esse sistema destrua o mundo material onde vivemos.
agora tô escrevendo meu terceiro capítulo, que é quando falo sobre a quarta onda feminista e o surgimento do girl gaze da década de 2010. é estranho escrever academicamente sobre um momento histórico em que vivi intensamente. critico muito tudo o que rolou e como acreditamos tanto na internet e nas redes sociais, mas também não me arrependo de nada. já me emocionei muito mais do que esperava escrevendo essa parte sobre feminismo digital, porque, cacete, como foi bom acreditar. porque foi isso que aconteceu, a gente acreditou. e foi intenso e estressante e emocional e ingênuo e revoltante, mas foi principalmente divertido. e pode culpar ter crescido ao som de gilberto gil, porque sou uma pessoa que se emociona demais com a diversão.
tenho saudade de acreditar com tanta força em algo. nessa época, acreditar era um verbo de ação, acreditar era uma força motora pra tudo que fazíamos. mas foi também o que fez ignorarmos coisas importantes. a gente focou demais nas partes boas da internet e da digitalidade e isso abriu um espaço enorme pras empresas desenvolverem a cibercultura como estamos vendo atualmente. eu culpo em partes a canonização do castells e do pierre lévy como Os Grandes Teóricos da Internet, porque isso fez com que historicamente e culturalmente a gente só olhasse pra internet de um jeito emocionado, sem pensar no problemão que é ela ter nascido literalmente do militarismo. ao mesmo tempo, penso que, cara, eles também Acreditaram, mas pqp a academia é uma instituição gigantesca e policentralizada, tinha um monte de gente pra cobrar mais deles, pra dar voz a outros teóricos mais críticos à internet. sinto que parte do meu trabalho é insistir na canonização da ideologia californiana como texto base pra se falar de internet.
penso que, no fundo, continuamos com as mesmas questões: como criar um movimento ou construir uma técnica que não serão corrompidos pelos sistemas opressores estruturais que já temos? capitalismo, autoritarismo, racismo, machismo etc. como conseguimos nos radicalizar coletivamente a ponto do que fazemos não seja cooptado e corrompido por nossos adversários e inimigos?
honestamente, é nisso o que mais tenho pensado. na vdd, chegar no capítulo 3 também significa que tenho passado muito tempo olhando pra foto de bundas e ppks cobertas por calcinhas cor-de-rosa, então acho que tenho pensado bastante nisso também.
nas referências bibliográficas de hoje, vocês vão encontrar alguns pedaços menos sérios do quebra-cabeça que é essa resposta enorme e contínua pra essas minhas perguntas. também temos 01 livro que me deixou muito irritada, 01 série de comédia coreana absurda, a melhor comida que já comi na minha vida e muito mais!
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