referências bibliográficas: novembro de 2023
coisas que vi, li e ouvi que me fizeram pensar essa mês
🛸 olá, internautas! 🛸
é dia primeiro de dezembro, o que, pra internet, significa que o ano acabou. mas eu não sou a internet, eu sou humana, então ainda falta um mês inteiro pro ano acabar – e em um mês pode acontecer muita coisa. a prova disso? novembro.
esse mês começou com o filme mais insano que já vi na vida e agora termina com o spotify wrapped me dizendo que a música que mais ouvi esse ano foi all too well 10 minutes version (essa foi a música que mais ouvi no ano passado também) (socorro). então, assim, não podemos negar que muita coisa aconteceu. tanta coisa que eu mal lembro direito desse mês. a sorte é que anoto as coisas que vejo, leio, ouço e faço, se não estaria perdida. é muito difícil ser desmemoriada.
esse mês, encontrei amigas todos os fins de semana, sofri horrores com a minha dissertação, fiz uma quantidade absurda de pulseirinha da amizade pro show da taylor swift, tive muitas crises de ansiedade, conheci muita gente massa, tomei bons drinks e, como sempre, pensei muitos pensamentos. vivi as minhas duas personalidades de adolescência: a menina que colocava borrachinhas coloridas pra enfeitar o aparelho fixo e dançava no meu quarto uns pop disney no show da taylor swift e a menina que ia pra escola com camiseta do nirvana e passava quase o tempo todo com fone de ouvido no show do roger waters. e eu talvez devesse começar falando sobre a taylor, o show e a dificuldade que foi ser fã dela tendo redes sociais esse mês, porque foi isso que mais me fez refletir esse mês, mas honestamente esses não são assuntos que tô afim de colocar na internet (o que também foi algo que a enxurrada de gente falando sobre o assunto me fez perceber). mas saibam que, se tem uma coisa que recomendo esse mês, é desligar as redes sociais e se divertir com sus amigues nos shows de artistas que vocês amam/ amaram.
agora, o que eu quero mesmo divulgar assim pra todo mundo é o melhor filme do mundo. então, é isso, essas são as referências bibliográficas de novembro de 2023! simbora!
filmes
pom poko
essa é uma animação do studio ghibli sobre guaxinins anarco-sindicalistas que montam uma guerrilha contra a frente aceleracionista representada pelos humanos, em uma guerra contra a exploração capitalista das florestas nos arredores de tóquio.
COMO QUE NINGUÉM NUNCA TINHA ME AVISADO QUE ESSE FILME EXISTE?!?!?! não bastando essa sinopse perfeita, o filme foi lançado no ano do meu nascimento!!!! esse é o filme mais clara browne coded que já vi na minha vida e só não digo que saiu da minha cabeça porque o final é conformista demais pro meu gosto (mas funciona bem pro que o filme se propõe e me deixou muito emocionada).
sei que às vezes forço um pouco a barra com minhas explicações comunistas, mas nesse caso é realmente a história de uma comunidade de guaxinins anarco-sindicalistas que decide entrar em guerra contra os humanos por causa do desmatamento da floresta em que vivem! é sensacional! são basicamente 2h de discussões e práticas de táticas de guerrilhas aplicadas por guaxinins que têm o poder da metamorfose.
ao contrário do clichê estadunidense, o filme narra mais do que mostra. não temos muitos diálogos, a história é narrada por um dos guaxinins que participou do movimento, que vai contando dos personagens, das assembléias, do treinamento pra guerrilha e das diferentes táticas que eles aplicaram ao longo do tempo.
fiquei vidrada com toda a esquisitice do filme. não é só que os guaxinins se transformam em qualquer animal/ objeto, mas é também que eles se transformam em estilos diferentes de guaxinins – às vezes com uma ilustração mais “realista” com o guaxinim em quatro patas, focinho comprido e rabão, outras parecendo o ursinho pooh basicamente. a variação desses estilos funciona muito bem no filme, servindo a propósitos diferentes e muitas vezes misturados numa mesma cena. achei o máximo.
tem outras esquisitices. como os enormes bagos (termo usado na legenda!) dos guaxinins crescendo a ponto de parecerem pedras jogadas contra a tropa de choque humana ou o guaxinim ancião que transforma o saco dele em um tapete vermelho em que os outros guaxinins sentam. tem muita coisa sobre bolas nesse filme. mas não apenas. os guaxinins anciões também viram velhos gays excêntricos que voam?? e as guaxinins fêmeas são todas peitudas?? e o guaxinim mais radical é sem querer pisoteado pelos amigos e fica um ano inteiro sem poder se mover!! e nem vou começar a falar da cena enorme da parada dos goblins, porque é pura ARTE!!
eu amei demais esse filme. a animação é LINDA, dá vontade de deixar ela projetando durante uma festa. também achei mt impressionante como o filme retrata bem as discussões e rachas que acontecem entre movimentos de esquerda. todas as celebrações e angústias fizeram muito sentido pra mim, e foi meio incrível ter tanto da experiência de ser de esquerda em um filme sobre guaxinins metamorfos. a minha única crítica é que é um filme bem comprido, podia ter meia hora a menos fácil. mas tudo bem porque, novamente, o visual é incrível. é um filme do studio ghibli afinal de contas.
assim que o filme terminou, eu liguei pra minha mãe e disse que ela PRECISAVA ver o filme. assim que ela terminou, ela me ligou e disse: “você é um guaxinim!!”. sim, eu sou um guaxinim cansado da cidade capitalista sonhando com a minha vida bucólica numa comunidade anarco-sindicalista.