🛸 olá, internautas! 🛸
chegamos ao mês de dezembro, o que, na internet, significa que é o momento de listarmos tudo o que lemos, assistimos, ouvimos e amamos.
dentre todas as listas de melhores de ano que vejo por aí, as minhas preferidas são as de amigues ou conhecides. é que críticos, jornalistas e influenciadores estão expostos a um tipo de marketing com os recebidos que até me interessa pra saber dos lançamentos, mas não quer dizer que vou dedicar ao que é divulgado. outros tipos de pessoas, mesmo também estando expostas ao marketing (afinal, todes estamos), não têm os vínculos empregatícios, parceirísticos ou frilísticos desse povo, o que acaba me gerando mais curiosidade. afinal, o que aquela pessoinha aleatória viu, leu e ouviu de bom? aquilo que a marcou e a acompanhou durante esse ano? em quais buracos mis amigues e conhecides se meteram? e que ecos vêm daí? é por isso que gosto tanto de ler as listas de outres. e por isso que também gosto de publicar a minha.
durante o ano, vou anotando no meu bullet journal os livros que li, filmes e séries que vi, álbuns e podcasts que ouvi. tenho o costume de marcar também se gostei, adorei ou amei a obra (não é um sistema de 5 estrelas, mas de :), ♡ ou ♥). no fim do ano, volto a esses registros e reflito comigo mesma o que realmente ecoou de tudo que tá ali. são essas as coisas que entram nos meus melhores do ano. isso significa que nem tudo foi lançado esse ano, mas foram as obras que me povoaram durante esses 12 meses.
assim, ofereço a vocês meus melhores do ano. essas são as obras que eu imploro, grito e me descabelo pra vocês buscarem conhecer. são as melhores coisas que li, vi e ouvi em 2023.
livros
menções honrosas: uma biografia, da virginia woolf, e eu sou cachorro, da baek heena.
5. aves dormindo enquanto flutuam; masaoka shiki
peguei esse livro emprestado da minha mãe antes mesmo dela ler. de acordo com a tradição japonesa, você só pode se tornar um mestre de haicai1 se escrever mil haicais e, bom, esse livro são os mil haicais do masaoka shiki. traduzidos pela primeira vez em português, essa é uma edição portuguesa (muito linda e muito cara no brasil).
o masaoka shiki é mais um desses escritores que morreu de tuberculose, e falo isso porque muitos dos seus haicais são tipo “inverno frio/ cuspi sangue/ foda mein” – mas, tipo, numa versão muito mais bonita, poética e adequada à quantidade de versos de um haicai. o conjunto também é um conjunto de vida inteira, o que significa que, ao longo da leitura, vamos acompanhando pioras e melhoras da sua doença, assim como as estações passando e o Japão se transformando.
falo assim “ao longo da leitura” porque, dessa vez, decidi ler o livro de cabo a rabo. como era um livro que tinha que devolver, me propus a ler os haicais na ordem, e isso rendeu uma perspectiva muito massa da ciclicidade da poesia e da natureza. as estações do ano e os temas que elas trazem vão e vêm e voltam e vão de novo. e, pouco a pouco, acompanhamos o mesmo poeta mudar e se repetir (mas nunca do mesmo jeito), assim como a natureza. de vez em quando, a leitura ficou um pouco entediante. mas esse tédio é o mesmo tédio de mais um inverno chegando e indo embora. a repetição da leitura reflete a repetição da vida. e, no fim das contas, a minha sensação foi de me sentir natureza, que é o que somos mesmo.
haicai aleatório que grifei: o outono vai passando/ e não preciso de deuses/ nem de Budas
yuku aki no/ ware ni kami nashi/ hotoke nashi
4. the secret history; donna tartt
presente de dez anos atrás da minha amiga sofia, um dos livros preferidos dela, sabia que eu precisava me dedicar.
o começo da leitura foi um pouco devagar, mas assim que engatou, esse foi um daqueles livros que eu não conseguia parar de ler mas que também não queria terminar. eu só queria falar desse livro, só pensava sobre esse livro e chegou um ponto que eu tava vendo house md e achei o chace a cara do charles, sendo que o charles não tem cara, porque ele é um personagem de um livro! enfim!
esse é muito um Primeiro Livro de alguém que estudou literatura. dá pra sacar muito as bases da tradição literária – e aqui nem me refiro a toda discussão dos clássicos gregos, mas também do cânone moderno estadunidense, como grande gatsby – que a donna tartt usa. ao mesmo tempo, também dá pra notar um estilo de escrita e interesses da própria autora que fazem o livro muito bom de ler.
a história é bem comum da literatura: cara pobre observador e impressionável se envolve com ricos doidos. tudo se passa numa universidade de elite dos eua, entre alunos da graduação de letras-grego. os personagens são todos maravilhosos e, do meio pro final é tanto babado que tenho até vontade de ler o livro de novo pra conseguir notar e pensar mais coisas além de BABADO!!!.
trecho aleatório que grifei: [esqueci de consultar antes de viajar pra casa dos meus pais, mas na vdd esse não é o tipo de livro que anoto muito, acho que só grifei uma ou duas frases e olhe lá]
3. a doença da morte; marguerite duras
outro livro que peguei emprestado da minha mãe e, dessa vez, li em uma tarde. ele é tão, tão potente que, assim que voltei pra sp, comprei uma cópia pra mim no sebo e reli imediatamente.
a história é toda em segunda pessoa: você conhece uma mulher. você, talvez, pague por essa mulher. você a coloca num quarto e ela fica na cama à noite. ela volta. você tenta amar. ela fica em silêncio. você fala, pergunta, responde, olha. depois de dias, ela fala. você está tomado pela doença da morte.
o livro é assim, em frases curtas e ações hipotéticas, num presente hipotético que se torna realidade, mas nem sempre, talvez. e a potência dessa história tá nisso, nesse pouco que é tanto, tanto, tanto, que é impossível de absorver em sua inteiridade.
trecho aleatório que grifei: Não se pode amar a morte se ela lhe for imposta de fora.
2. todos os homens são mortais; simone de beauvoir
esse foi o primeiro livro que li no ano e, meu deus do céu. não vou mentir: essa foi uma leitura difícil. não por causa da escrita da simone de beauvoir (que, na verdade, é bem gostosa), mas porque a história se repete e repete e daí você cai no sono e acorda e tá lá ainda um monte de palavras e você lê e as coisas se repetem e você tem sono de novo e acorda e palavras e sono e palavras e uma espécie bizarra hipnose e palavras e tem uma hora que você acha que já entendeu, mas o narrador diz: é sempre a mesma coisa, é preciso que a ouça.
então, você ouve. ou melhor, lê. você lê sobre essa mulher ambiciosa e pulsante que se apaixona por um imortal e, junto com ela, você acaba sentando e ouvindo toda a sua história, de sua vida na itália dos 1300 até aquele momento em que ele está sentado numa mesinha no interior da frança durante os anos 60 dizendo suas últimas palavras, aquelas que você acabou de ler.
o livro vai passando pela história da europa – itália, alemanha, a colonização das américas, até chegar à revolução francesa. é meio engraçado porque é extremamente francês: depois da revolução francesa, nada mais importa. mas a construção narrativa sustenta essa francofonia. não porque seja verdade, mas porque o arco do personagem é o de se descobrir inumano.
você deve ter percebido um tema comum nas minhas leituras desse ano, a ciclicidade da natureza e a humanidade da morte. pois bem. esse livro é exatamente sobre isso. um homem (que não é mais homem, mas imortal) vê e revê a mesma história acontecer. a humanidade, pra ele, é feita de mortos, o que tira pouco a pouco o sentido da ação. a tese da simone de beauvoir é essa: a vida só faz sentido porque morremos. mas, pra você realmente entender isso, pra você poder se movimentar, articular e agir, é preciso que escute, que viva essa repetição tediosa, encontre a grandiosidade nisso.
não é um livro fácil de digerir, foi uma leitura que me demorou meses de tanto que me dava sono. mas, talvez, eu precisasse morrer um pouquinho pra conseguir processar tudo que estava lendo. o final da narração de fosca, o imortal, é de uma vertigem daquelas que só a arte cria. te arranca do seu corpo e te coloca no meio de tudo, da vida, da revolução.
revolução, a volta ao lugar. revolução, que usamos como a quebra de tudo.
trecho aleatório que grifei: Em torno deles havia o céu infinito, a eternidade sem limites, mas para eles haveria um fim; é por isso que lhes era tão fácil viver.
1. leaves of grass; walt whitman
esse livro mudou a minha vida.
nunca antes eu tinha vivido (porque o verbo é viver) a potência da poesia como vivi com leaves of grass. e isso digo eu, uma pessoa que lê muito mais poesia do que prosa desde criança.
eu acho que, pela primeira vez, entendi o apelo do discurso estadunidense. e, sim, o único erro do walt whitman foi ser estadunidense, mas aqui dá pra entender a beleza da fundação de uma liberdade que não é neoliberal como a prática podre da cultura dos eua, mas total e completamente selvagem. é meio fascinante poder ler o início da construção de uma cultura e encontrar a força de algo que você só conhece desvirtuado. nesse sentido, foi mesmo uma leitura muito curiosa.
mas não é a curiosidade histórica e cultural que sustenta esse livro, mas sim a força poética do walt whitman. é que esse é um poemão gigantesco sobre a guerra, a humanidade e a natureza que em nenhum momento se deixa abater. o whitman consegue de uma maneira inexplicável falar de todas as atrocidades da opressão e da guerra sem ficar triste em nenhum momento. o primeiro verso diz ao que vem: essa é uma celebração.
verso a verso, estrofe a estrofe, o whitman costura essa mesma ideia – tudo é um. eu, você, as plantas, os mortos, o céu, tudo que é animado e inanimado. tudo é uma coisa só e essa coisa gigantesca (a vida? a natureza?) deve ser celebrada em toda a sua potência criadora, em toda sua beleza, em todas as suas particularidades.
como uma humaninha que se sente e sempre se sentiu profundamente conectada ao universo, esse livro é uma exaltação desse Primeiro Sentimento. é também uma tradução dele pra linguagem, algo que eu achava ser impossível. eu cansei de grifar esses versos, de tão lindos que todos eram. ler esse livro não bastou, e reli os cantos (e aqui eu também entendi porque chamamos de cantos) algumas vezes como uma maneira de me lembrar e celebrar o mundo (vida).
eu nunca li uma coisa tão brutalmente positiva na minha vida, e honestamente me choca esse homem não ser ariano ou sagitariano (se bem que gêmeos é o oposto complementar de sagitário, então algumas coisas se explicam) (geminianes, eu amo MUITO vocês!!!).
a última coisa que tenho a dizer sobre o assunto é que esse livro, tal como toda obra do whitman vim a descobrir, é extremamente gay. e, se fosse hoje em dia, waltinho ia chegar nas palestras e dizer bom dia a todas, todos e todes.
trecho aleatório que grifei: i celebrate myself/ and what i assume you shall assume/ for every atom belonging to me as good belongs to you.
álbuns
5. e-mails i can't send; sabrina carpenter
sou a primeira a admitir que não dei muita bola pra esse álbum quando o ouvi pela primeira vez no começo desse ano. achei as letras ok, a melodia meio lounge de elevador e até escrevi que achava que as músicas seriam melhores na voz de nossa rival olivia rodrigo2. acontece que também porque não dei muita bola que deixei o álbum tocando de fundo enquanto escrevia minha dissertação e, daí, aconteceu.
é que esse álbum Cresce.
não tenho desculpa pra isso. não tem nada que eu possa defender se alguém vier criticar. tudo que posso dizer é que, pouco a pouco, fui sendo conquistada pela história de coração partido da sabrina carpenter e não pude estar mais feliz de, no fim de novembro, estar com a mão no peito cantando aos berros: and all of this for what? when everything went down, we had already broken up, na abertura da sabrina pro show da taylor swift.
música preferida: nonsense
4. BRAZILIAN SKIES; masayoshi takanaka
eu quero deixar um salve pro meu amigo drão, que um dia postou esse álbum nos stories, e essa é toda a história.
absolutamente nada melhor do que um japonês sentado de terno branco numa praia tocando jazz que começa com o apito da cuíca e o título assim em caps BELEZA PURA. esse álbum condensa muito da alegria que tenho de ser brasileira. esse país é mesmo abençoado por deus e bonito por natureza. obrigada, masayoshi takanaka, por nos dar o crédito e nos conceder suas excelentes vibes.
música preferida: I REMEBER CLIFFORD
3. layover; v
sou a primeira a admitir que, no quesito gosto musical, tendo muito mais às músicas da rap line do que da vocal line do bts. nada contra os meninos, muito pelo contrário, eu os amo, mas o pop deles, em geral, não é a minha praia. então, admito também que não tava dando muita bola pros lançamentos solo dos membros da vocal line do bts. daí, chegou o taehyung (v)3.
honestamente, o erro foi meu. porque é ÓBVIO que nosso querido tetequinho faria um álbum curtíssimo de jazz e colocaria o cachorro homofóbico de madame dele de capa. esse menino é um senhor de idade, afinal de contas.
é o melhor jazz que já ouvi na vida? óbvio que não. aliás, qualquer outro dessa mesma lista é melhor. mas é bem gostosinho e te embala numa tarde de chuva. e eu não sabia, mas era disso que eu precisava esse ano e teteco foi lá e me deu tudo só lendo minha mente. a vontade é de dar um bjin na pintinha da ponta do nariz dele por essa.
música preferida: slow dancing (piano ver.)
2. ファンキー・スタッフ (funky stuff); jiro inagaki and soul media
não entendo japonês, mas o título inglês é perfeitamente descritivo do que é esse álbum. nem tenho muito mais o que dizer, porque é tudo muito descolado e gente descolada dispensa apresentações.
música preferida: フォー・アップ
1. the carnival; wyclef jean feat. refugee all stars
O MAIOR!!!!!!!!!
tenho me educado nos projetos solo dos fugees de pouco em pouco, e esse aqui simplesmente arrebatou meu coração, meus ouvidos e meus quadris. é dançante, é engraçado, é foda de bom. é bom demais ser latino!! é bom demais saber rebolar!! wyclef, meu anjo, obrigada por tudo. é esse o carnIval que importa!!!!
música preferida: jaspora, mas também yelé, mas também apocalypse, mas tamb-…
músicas
5. trust yourself; balming tiger
diversão!!!!!
verso que bate: 너를 믿어 like religion, 더 깊게/ you know I really love me/ 난 이미 답을 알아냈어
(acredite em si como uma religião, profundamente/ cê sabe que eu me amo mesmo/ eu já descobri a resposta)
4. kossa kossa; the souljazz orchestra
vibes demais. eu queria estar num daqueles bailes que tá todo mundo suado, acabado, feliz da vida, numa energia entre o funkadelic e o lindy hop fazendo a mesma dancinha pra essa música. a energia lá no alto e todo mundo aplaudindo no final.
verso que bate: kossa kossa/ kossa, mama
3. haegeum; agust d
ok, respiremos fundo. haegeum [lê-se mais ou menos: re-gum] é um instrumento tradicional coreano que, se eu fosse traduzir culturalmente, diria que é a versão deles de um berimbau. e essa música, assim como tantas outras do agust d e do bts4, mistura elementos tradicionais da música coreana com rap. no refrão, ele diz: essa música é uma libertação. da tradição, dos limites de classe, do sistema capitalista. o yoongi é muito comunista. eu o amo.
em abril, falei um pouco aqui de como o clipe de haegeum fecha a trilogia de clipes do agust d (daechwita, amygadala e haegeum) que, juntos, formam uma crítica a sistemas opressores na mesmíssima base do paulo freire, mostrando que um sistema violento gera pessoas violentas e, bom, quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é se tornar o opressor. e o sonho do ciclista é atropelar o pedestre.
essa música é uma libertação.
verso que bate: 정보의 쓰나미에서 쓸려 내려가지 말길/ 우린 자유와 방종의 차이쯤은 모두 구분하니
(espero que você não se deixe levar pelo tsunami de informações/ porque todos sabemos a diferença entre liberdade e autoindulgência)
2. float; janelle monáe
amo quando meus ricos adotivos encontram paz e felicidade e cantam sobre curtir a vida!!! se janelle monáe tá celebrando, eu também tô!
verso que bate: i'm light as a feather, i'm light as a feather/ yeah, baby, i float/ it's hard not to look at my resume/ and not find a reason to toast
1. used to be young; miley cyrus
uma das coisas mais importantes pra compreender toda quilometragem da minha complexidade é saber que uma das coisas que mais me emocionam no mundo é gente louquinha falando sobre ser louquinha. é uma questão narcísica, claroclara. mas dentre o hall de louquinhos, poucos me emocionam tanto quanto a miley cyrus.
é preciso que entendam: nada me formou mais do que, aos 13 anos, ver as fotos da miley com adolescente vestida apenas com uma babylook e calcinha, e um sutiã na cabeça. acompanhar uma celebridade (ainda mais da disney) se assumir louquinha foi algo que me deu base pra escolher assumir a minha loucura. ela foi eticamente formativa pra mim.
depois de 2008, não acompanhei de perto a carreira da miley, mas vez ou outra peguei pra ouvir os álbuns dela e, de alguma forma, sempre me encontrei em algumas coisas. ela, assim como eu, tem uma veia de rock progressivo que sempre fala comigo, por exemplo. mas o que sempre mais Bateu pra mim é que em todo álbum, sem excessão, ela sempre fala que é louquinha. pode procurar no álbum que for, eu te juro. fiz minha pesquisa.
então, imaginem a profundidade da facada bem dada no meu peito quando, durante meu retorno de saturno, miley cyrus, assumidamente louquinha, vira pra todo mundo e fala que ela era louquinha porque era jovem. e imaginem o afago quentinho e macio dela cantar com sua voz rouca que tá em paz com isso, consigo, com a pessoa que ela se tornou, quem ela é. eu não digo quantas vezes chorei com essa música porque não contei. mas foi mais de uma, o que pra mim é o suficiente.
verso que bate: you tell me time has done changed me/ that's fine, i’ve had a good run/ i know i used to be crazy/ that's cause i used to be young
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filmes
menção honrosa à barbie pela experiência maravilhosa de ir ao cinema toda de rosa com as minhas amigas e sair falando hi barbie pra desconhecides.
5. amor à flor da pele
esse ano decidi assinar a mubi pra ver todos os filmes do wong kar wai, daí só vi dois filmes porque não tenho concentração pra assistir muito filme. mas, tipo, os dois que vi entraram na lista de melhores do ano. é bom demais ver coisas bonitas.
4. bottoms
bicho, que saudade que eu tava de um filme assim!!! ri alto na maior parte do filme. quando não tava rindo, tava !!!!!!!!!!!. também deixo aqui meu salve pra ayo edebiri, escalem essa menina pra todos os papéis possíveis.
3. RRR
revolução!!! romance!! amizade!! arte!! gente gostosa!! luta anti-colonialista!! esse filme tem TUDO que importa!!
pelo fim do colonialismo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! AAAAAAAaaaaaaarrrrrrrRRR!!!!!
2. amores expressos
a doidinha que comete crime de invasão de propriedade é uma inspiração. aliás, todas as mulheres desse filme são inspiradoras.
nada como ver imagens belas!! Cinema!!!
1. pom poko
sei que falei isso mês passado, mas esse é um filme do studio ghibli sobre GUAXININS METAMORFOS ANARCO-SINDICALISTAS QUE MONTAM UMA GUERRILHA CONTRA OS HUMANOS CAPITALISTAS ACELERACIONISTAS QUE ESTÃO DESMATANDO SUAS FLORESTAS!!!!!!!!!!!!!!!!!! eu genuinamente não tenho mais nada a dizer sobre isso. é perfeito. é incrível. é revolucionário. é Arte. eu nunca vou me recuperar desse filme. por favor, assistam. até porque, além de tudo, todo o visual do filme é insano de lindo.
Séries
5. succession s3-s4
essa é uma série curiosa, porque na real eu meio que não ligava pra ela, mas depois que superei o tédio da segunda temporada, fiquei muito investida com todo o caos e incompetência dos personagens. e o final… mddc… o final foi simplesmente perfeito. é tão bom quando todos os envolvidos numa série entendem o que tá sendo feito!!!
eu sei que o kendall é a babygirl de muitos de vocês, mas o meu protegido é o roman. e também a dinâmica insana da shiv e do tom. é bom demais ver rico maluco sendo rico e maluco.
agora, sendo muito honesta, o que mais gostei de succession não foi a série em si, mas sim assistir semanalmente comentando com as pessoas no tuíter (RIP). a real é que não entendo muito bem o que fez as pessoas surtarem tanto com essa série nas duas primeiras temporadas – tipo, metade das coisas que eles falavam eu nem entendia e a outra metade era gente se xingando –, MAS a comunidade de malucos no tuíter que passavam da hora de dormir pra ficar comentando os vários nadas significativos que aconteciam (aconteceu muita coisa!!!) foi o que me fez persistir e, devo dizer, valeu demais. sdds de vocês, amigues.
4. mozart in the jungle
nessas de procurar boas séries pra ver, acabei desenterrando mozart in the jungle e só foi muito gostoso de ver! é que, agora, já faz tempo que vi tudo, mas a série tem uma delicadeza muito bonita e, sl, só gostei muito de acompanhar todos os personagens crescerem. e também, tipo, a diferença que faz ter um latino de verdade numa série estadunidense!! gael garcía bernal, um beso pra você!!
3. the bear s2
até tenho bastante coisa pra dizer sobre a segunda temporada de the bear, mas tudo se apaga quando penso Naquele episódio do ritchie terminando com love story. o maior swiftie que temos, meninas!!!!
de resto, tudo que consigo dizer é que todos os atores estão MUITO bem e fico muito investida em todos os personagens. eu amo demais o menino dos docinhos (sei que o nome dele é marcus e que ele é um homem de mais de 30 anos!!), amo a sidney (ela me lembra demais minha amiga bia!! que eu amo!!), amo o carmy, amo a natalie coitada, e amei muito tudo o que a claire trouxe pra essa temporada. ou seja né eu amo tudo!! it's a love story baby just say YES
2. the last of us
essa série entrega tudo que importa: atuação do cacete, zumbis, uma adolescente pestinha, um homem marrento que sem querer vira pai dessa adolescente, assassinatos em série, uma ode à vida e, não bastando, uma girafa de verdade!!!
a bella ramsey é um monstro atuando, elu manda demais, bicho. e finalmente alguém colocou o pedro pascal sem uma porcaria de uma máscara!!! a gente MERECE ver a carinha linda dele sempre!!!! a química entre a bella e o pepa é boa demais, e funciona perfeitamente na dinâmica dos personagens. eu fiquei muito apegada à ellie e ao joel e toda a história deles. sem contar que é um equilíbrio perfeito entre tensão vamos todos morrer e comédia adolescente fazendo bobagem. melhor série do ano!!!
1. house md
esse ano, eu revi house. e acontece que essa é a melhor série que existe.
primeiro que todos os casos médicos são genuinamente interessantes, mesmo quando você não sabe nada de medicina e já conhece o modelo narrativo da série pra saber quando eles vão acertar o diagnóstico. depois que a animação do sangue e dos músculos do corpo são ótimas, é sempre daora quando dá o super zoom e a gente vê as hemoglobinas viajando pelas veias. daí que, depois de alguns episódios, você já começa a ficar esperto e sabe quando pedir uma ressonância magnética ou exame toxicológico.
no tumblr, a série é carinhosamente apelidada de hatecrimes md, mas eu gostaria de dizer que são pouquíssimos crimes de ódio que acontecem nessa série. na verdade, house md é bem menos problemática do que se esperaria. em geral, quando o house fala alguma coisa escrota é pra antagonizar com seu interlocutor, não porque ele realmente acredita nisso – o que a série consegue mostrar ao longo das temporadas. e quando outros personagens são preconceituosos (o chace gordofóbico é muito especial pra mim), isso é sempre discutido. nesse sentido, a parte mais problemática de house é que ele assedia mulheres (em especial a cuddy né, mas aqui tem um jogo de poder também mais complexo explorado), mas, assim, de resto, ele é até que bem ok. as coisas só desandam de verdade depois da greve de roteiristas, o que só prova a importância das boas condições de trabalho no ramo do entretenimento.
apesar de não ser então tão hatecrimes md assim, essa é uma série em que os personagens cometem crimes todos os episódios. invasão de propriedade, por exemplo, só não aparece quando o house tá literalmente na cadeia, o que é hilário. e chega um ponto que você já acha tudo bem ok, o que também é hilário.
pra ser honesta, eu já tô com vontade de rever a série só pra ir anotando as insanidades que vão acontecendo, porque são TANTAS que a gente vai esquecendo. então, assim, é claro que eu lembro do episódio em que o chace foi manipulado por uma menina de 10 anos a cometer pedofilia, mas eu tinha esquecido de quando a equipe do house decide infectar um paciente com malária explicitamente contra as ordens da cuddy! e se eu esqueci disso, imagina o que mais deve ter me passado!
mas a graça de rever house não foi só lembrar do que eu tinha esquecido, mas de poder ver algumas coisas já sabendo o que vai acontecer. eu amo, por exemplo, que o wilson vê a amber pela primeira vez quando ela invade a sala dele num esquema maluco pra conseguir ganhar a gincana que o house criou a partir do tratamento de um dos pacientes dele. e é bom demais porque a amber só surge na sala e o wilson nem pestaneja: you're one of house's interns, right?, e os dois só seguem com a vida deles normalmente!!!!! é LINDO!!!!!
é lindo como todo mundo é insano nessa série. tu acha que a cameron é só uma carinha bonitinha, daí ela vai lá e usa metafetamina e transa com um colega de trabalho. tu acha que o chace é só um bonitão meio babaca, daí ele assassina um ditador. tu acha que o foreman é só um chato, daí ele segue sendo chato na vdd, mas pelo menos ele comete crimes!!! e isso vale pra todes: cuddy é totalmente lelé, a thirteen então nem se fale, o kutner completamente caótico, a amber insana, até o taub é maluco, e ele é o que parece mais babaca padrão! e daí… temos o wilson.
ah, wilson. o que falar dele? que ele é apaixonado pelo house, sem dúvidas. que ele só consegue ser quem ele é – sem medo de julgamentos, sem dilemas éticos e prisões morais – com o house. que ele é viciado em apostas. que todos os casamentos dele deram errado porque, na verdade, ele é um grande babaca. mas o house não liga pra isso, o house gosta disso e o wilson sabe. o wilson o admira. o wilson o ama. ninguém nessa série é mais maluco que o wilson. é por isso que o house o ama. é um amor platônico e fraterno e romântico e sexual e é bagunçado e organizado e funciona mesmo quando não funciona e todas as drs são incrivelmente carregadas e todas as soluções que eles encontram pra se manterem juntos são doidas e lindas. esse é o maior slow burn que temos. e é absolutamente insano que a série termina com os dois saindo de motoca ao por-do-sol com a promessa de que o wilson vai morrer e o house vai se suicidar junto com ele, mas é isso mesmo que acontece, e é fascinante que aconteceu canonicamente.
e a real é que eu ainda tenho muito, muito o que dizer sobre house md, mas daí eu mando mensagem pra minha amiga sofia (que foi quem me inspirou a rever a série em primeiro lugar). por aqui, tudo que tenho a dizer é que faz muita falta uma série tão bem escrita como essa, com uns jazz foda e uns rock de pai, uma abertura que fundamenta seu lugar na dark academia, e os únicos roteiristas que entendem o que é um relacionamento ideal.
bate-bola jogo rápido 2023
podcasts preferidos:
overdue
behind the bastards
cool people who did cool stuff
if books could kill
newsletters preferidas:
youtubers preferidos:
nathan's nook
* e m m i e *
Ora Thiago
bibliosophie
shows bons demais:
epik high
roger waters
pabllo vittar
empate técnico: taylor swift e bruno mars
e esses foram os melhores do meu ano!
agora, me contem de vocês! o que vocês leram, viram e ouviram esse ano que foi assim o crème de la crème? o que povoou a cabecinha de vocês durante esses 12 meses e vocês se descabelam e se jogam de joelhos no chão pra que outras pessoas também conheçam? quero saber tudo!
foi um prazer inenarrável passar esse ano com vocês. espero que todes consigamos dar uma descansada esse dezembro. até 2024!
bjoks,
clara
eu sei que o “correto” é haiku, mas sou cria de paulo leminski e não obstante brasileira. é impossível levar a sério uma palavra com cu.
eu me recuso a explicar a treta entre a olivia rodrigo e a sabrina carpenter!!!!! pesquisem por conta própria essa.
para os não versados em bts: v [lê-se: vi] é o nome de palco do taehyung [lê-se terrióng], mas meio que não pegou. todo mundo costuma chamá-lo pelo nome mesmo. no brasil, a gente também o chama de teteco.
o yoongi é um dos rappers do bts. no grupo, o nome de palco dele é suga. no seu projeto solo, ele se nomeia agust d.